S. Valentim e S. Faustino

S. VALENTIM

São Valentim... Quem foi? De onde surgiu? Porque se comemora?

Pois é, mais que oferecer prendas, seduzir e ser seduzido pela máquina comercial que, tão bem, invade as bolsas de quem não resiste ao chamamento, importa conhecer a tradição. E se a tradição já não é o que era, pouco importa porque, se o saber não ocupa lugar, os sentimentos ocupam um lugar importante nas nossas vidas e, quer se tenha ou não companheiro/a, ninguém fica indiferente ao “Dia de São Valentim”!

Pessoalmente, detesto as datas que nos são impostas para comemorar seja o que for, no entanto, não resisto a escrever umas linhas sobre a lenda que está na origem da comemoração deste dia.

Com pinceladas de algum mistério, a lenda assenta em tradições cristãs e pagãs.

A origem pagã parece estar relacionada com determinadas festividades que eram realizadas na Roma antiga, no mês de Fevereiro, dedicadas ao deus romano do Amor, o famoso Cupido, conhecido na Grécia por Eros.

Segundo a tradição cristã, existem dois santos, ambos mártires, reconhecidos com o mesmo nome. Um deles terá vivido no século II e, tendo-se recusado a abdicar da fé cristã, terá sido preso pelos romanos. Diz a história que lhe escreviam longas cartas de amor e que lhe eram atiradas pela janela da sua cela.Quanto ao outro mártir, viveu provavelmente no século III, em Roma, na altura do Imperador Cláudio II. Pretendendo angariar soldados para o seu exército, Cláudio havia proibido os casamentos dos jovens. Ao que parece, esta ordem terá sido ignorada por São Valentim que, clandestinamente, casava os jovens segundo rituais cristãos. Ao descobrir esta situação, o Imperador condenou Valentim à morte no dia 14 de Fevereiro de 270.

Diz-se que, ao aguardar a morte, o referido padre se apaixonou pela filha do carcereiro, a quem terá deixado um bilhete revelador dos seus sentimentos e assinado “o teu Valentim”.

Seja qual for a origem da comemoração deste dia, quero desejar não um Dia mas uma Vida de paz, saúde e amor a todas as pessoas que ocupam um lugar especial no meu coração.

S. FAUSTINO


Igreja de S. Faustino e Giovita

Eu amo o povo italiano. O que não é novidade para quem me conhece! Eles são maravilhosos e pensam em tudo!

Alegrem-se aqueles que não têm, por opção ou por força das circunstâncias, namorado/a!

Em Itália comemora-se não apenas o dia de São Valentim mas também o Dia de São Faustino.

É precisamente no dia 15 de Fevereiro que se festeja o dia dos solteiros, “il giorno dei single”, cujo patrono é São Faustino (conjuntamente com Giovita), originário de Brescia.

Pertencia a uma nobre família pagã e tornou-se cavaleiro, sendo atraído pelo cristianismo e, mais tarde, nomeado presbítero. Perseguido por aqueles que temiam a difusão do Cristianismo, tal como o Imperador Trajano que ordenou a sua morte, em nome da manutenção da ordem pública. Este ordenou a Italico, governador de Rezia, que fizesse calar Faustino. O governador tentou que Faustino renegasse à sua fé, sob ameaça de decapitação. No entanto, a morte do Imperador impediu que a repressão fosse exercida. Surge então o Imperador Adriano que, impõe ao santo o culto do deus Sol.

Faustino não só se recusou como destruiu, juntamente com o seu amigo Giovita, a estátua do deus pagão. Adriano ordenou que os dois jovens servissem de refeição às feras de um circo, contudo os animais ficaram imóveis perante Faustino e Giovita, o que provocou grande espanto entre todos os que haviam presenciado esta situação. O Imperador sentiu a sua autoridade em perigo e decidiu que ambos fossem lançados à fogueira, mas reza a lenda que nem o fogo ateou as vestes dos jovens.

Foram então levados para Milão e torturados pelo caminho mas resistiram ao sofrimento, acabando por serem enviados para Roma e oferecidos, uma vez mais, inutilmente às feras, destas vez as feras do Coliseu. Enviados num navio para Nápoles, conseguiram aplacar uma tempestade.

O Imperador decidiu acabar definitivamente com os jovens e condenou-os à morte, mediante decapitação, em Brescia.

E assim foram mortos no dia 15 de Fevereiro, entre os anos 120 e 134, no tempo de Adriano. Foi posteriormente edificada uma igreja em honra dos mártires e o seu culto remonta ao século VIII.

Brescia confirmou os dois como seus patronos depois da sua prodigiosa aparição sobre os muros da cidade a 13 de Dezembro de 1438.

Ainda hoje se festeja a coragem dos dois heróis, Faustino como presbítero e Giovita como diácono, que sempre lutaram pelos seus ideais cristãos, de forma solitária mas solidária.

Quem visitar a cidade neste dia poderá assistir à famosa e histórica “fiera popolare”.

Em toda a Itália se comemora “il giorno dei single”, como homenagem aos heróis e a todos aqueles que, sozinhos, enfrentam as adversidades do destino.

Viva o dia de São Valentim e o Dia de São Faustino! Que sejam felizes todos os que amo!