25 ottobre 2006

Palavras do coração


(Palavras menores
para modelos maiores)

A palavra
surge
comove
fascina
inventa
o símbolo
a crença

A palavra
vive
no escritor
no livro
no leitor

A palavra
é o modelo
é o anti-modelo
é obra inacabada
é tinta derramada
do coração de Natália
do olhar de Manuel
do pensamento de Saraiva

A palavra
é o que resta
num mundo que gira
cada vez mais depressa
é o que fica de ti
quando partes
quando Vivaldi regressa
nas andorinhas da tua infância

A palavra
é o que fica
quando o coração se cansa
e o gesto se apaga
é o sémen que fecunda
a memória das vidas interrompidas

Escrevi e publiquei este poema em homenagem a Natália Correia, Manuel da Fonseca e António José Saraiva em 1993, ano em que partiram destas terras e se entregaram a outros voos.
Tive a sorte de falar com a Natália algumas noites no seu bar “O Botequim”.
Manuel da Fonseca foi o primeiro escritor com quem dialoguei, há muitos muitos anos, numa aula de Língua Portuguesa de 9ºano, onde com a sua doçura conseguiu cativar os alunos para a sua escrita.
António José Saraiva vestia um sorriso simpático nos corredores da Faculdade de Letras de Lisboa e encantava todos aqueles que assistiam às suas intervenções em encontros sobre literatura.
Fica sempre em nós a lembrança daqueles que, de uma ou outra forma, se cruzam connosco e nos dizem alguma frase que permanece.

Vivaldi desde cedo habitou os meus silêncios.
A pintura é de Matisse e evoca memórias de sonho e liberdade.

Carla Augusto

23 commenti:

Anonimo ha detto...

Carla Augusto:

Da maneira como escreves só poderias ter tido essas três personagens que descreves como teus professores tanto no 9.º como já na Universidade. Parabéns, são marcas que ficam e nos encaminham para o gostar-se ou não de literatura. Um beijinho.

HRC ha detto...

A palavra é o que nos permite partilhar o nosso instante mais secreto sem que os outros o saibam, é quando os outros nos dizem o que sentem para descobrirmos o que sentimos.

Cristiano Contreiras ha detto...

Ah, doces palavras sempre nos trazem acalento.

Anonimo ha detto...

Carlinha:

Tiveste sem dúvida o privilégio de privar com figuras de grande renome, que te enfluenciaram de forma visivel. No entanto e apesar disso a forma como escreves revela um grande dom (quase inato) e uma grande sensibilidade...Parabéns!
É um prazer ser tua amiga!!!
Bjs, Dora

augustoM ha detto...

Não fuia a Roma mas vim ao seu blog agradecer a visita.
Um abraço de Augusto para Augusto

Anonimo ha detto...

PALAVRA
O QUE SERIAMOS DE NÓS SEM ELAS?
POEMA MUITO BEM ESCRITO.
BJOS

Anonimo ha detto...

PALAVRA
O QUE SERIAMOS DE NÓS SEM ELAS?
POEMA MUITO BEM ESCRITO.
BJOS

o alquimista ha detto...

Lindo...tens a elegância na palavra dos virtuosos das letras...pertenci à fundação Natália Correira e convivi com ela e com o Dórdio, é bom encontrar alguém que fala os mesmos sentires...

Beijo

Anonimo ha detto...

Carla,
Excelente e sentida homenagem que prestas a "esses grandes", que também são meus.
Pelo teu profile, vejo que és apaixonada por Itália.
Não te conheço...ou talvez sim...
ABRIGADA, diz-te alguma coisa?

Parabéns pelo post que revela toda a tua sensibilidade.

Um beijinho
Helena

por um fio ha detto...

Bonito o teu poema!
Sorte tua o teres convivido com Manuel da Fonseca, autor que tanto aprecio!
São marcos importantes na nossa vida...
Matisse é também uma boa escolha!
:)))

Anonimo ha detto...

Minha querida,
pois a vida tem destas coisas...
Perdi os teus contactos, mas lembro-me muito de ti.
Estamos agora muito perto uma da outra,sabias?
Estou na Pêro de Alenquer, e vivo na casa de Abrigada, que tu bem conheces.
O meu endereço de e-mail é:
helena.domingues@gmail.com
Escreve-me, uma vez que não tenho o teu.
Assim poderemos encontrar-nos.
Beijinhos, minha querida.
Fiquei muito contente por te reencontrar!

Belinha ha detto...

Parabéns por este blog!

Cheira a Itália!
Cheira aos bucólicos canais de Veneza
Cheira às pizzas de Milão
Cheira ao granito de Roma

Teresa David ha detto...

Também eu privei durante anos no Botequim com a Natália e o Manuel da Fonseca era visita de minha casa, logo, quiçá, até não estivemos já juntos em tempos idos...
Gostei mto do que aqui li e vou ficar "cliente" do blog.
Bjs
TD

Belinha ha detto...

Estamos esperando uma actualização... :)

* ha detto...

trés chic

Ana João ha detto...

muito obrigada pela visita ao meu blog...
Bonitas palvras estas aqui escritas, e que bom ter encontrado tais pessoas pelo caminho e fazer parte do cominho dessas mesmas pessoas.

Papoila ha detto...

Carla Augusto:
Amas as palavras...com um amor que te foi legado por os três mestres da literatura que tão docemente recordas.
Beijo

augustoM ha detto...

Augusto
A palavra é aquela coisa que pretende dizer coisas, para as quais não há palavras.
Um abraço. Augusto

Anonimo ha detto...

Que beleza de presente, suas palavras, grande mestre resulta numa aluna aplicada, lindo tudo!!
Feliz dia flor
beijossssssssssss

o alquimista ha detto...

Tanta palavra...tanto querer...tanto para dizer...


Doce beijo

APC ha detto...

É um poema cheio... Belíssimo!
Tão humano, contudo bem para lá da palavra que o escreve, do elogio que descreve, da homenagem que expressa, da saudade que confessa.
É um poema cheio!

Anonimo ha detto...

a palavra sem botas amarelas
a palavra não precisa de botas porque vai de boca em boca
a palavra é isso que pretende andar de boca em boca sem botas
entre cada palavra faz um silêncio de ouro
o silêncio pode ser do tamanho de uma pessoa de Deus de ti do mar de uma montanha
Beijos, carla
continua a escrever
Zém

Anonimo ha detto...

Carlinha, com estas tuas palavras do coração ,conseguiste deixar-me ....
sem palavras!
De uma mulher linda como tu és por fora e cada vez mais por dentro, só podia sair um poema assim...
Lindo!!!
bj